quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Bafo



Noventa por cento dos motoristas dirigem depois de beber, insensíveis à legislação que burlam. Isso não mudará com a criminalização do hábito. A radicalização da lei apenas evidencia o seu próprio fracasso.

Não importa que a regra permita nenhum gole ou duas latas de cerveja. Estabelecido um limite preciso de álcool no sangue, acima do qual se configura a infração, cabe às autoridades policiais disporem de instrumentos que afiram esse dado com exatidão incontroversa. Duvido que o tal “teste clínico” sobreviva aos primeiros recursos nas instâncias superiores do Judiciário.

A cegueira repressiva ainda não aprendeu que o apoio popular é fundamental para a sobrevivência desse tipo de norma. Leis Secas e toques de recolher servem a todo tipo de propósito, menos às finalidades que professam. Não deixa de haver uma saborosa ironia na prontidão com que o injustificável veto à cerveja nos estádios foi derrubado para a realização da Copa do Mundo.

Em vez de tratar o cidadão como um sacripanta enlouquecido que assassina inocentes depois de ingerir meia taça de vinho no almoço, as autoridades deveriam assimilar um mínimo de sensatez e fornecer-lhe, por exemplo, alternativas eficazes e baratas nos transportes público e privado. Outra medida urgente seria reformular a abordagem policial do problema, talvez criando uma força específica, dotada de tecnologia e treinamento adequados.

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