sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Incerteza















Algumas das maiores cidades do país votarão domingo sem qualquer prognóstico de resultado. Há muito não vivíamos um cenário de tamanha indefinição. Mesmo imaginando que as circunstâncias favorecem o agravamento das costumeiras irregularidades de final de campanha, o fantasma da fraude na apuração dos votos parece ainda mais assustador, porque invisível e subestimado pelas autoridades.

Geralmente, através das pesquisas de boca-de-urna, podemos adivinhar a tendência dos resultados finais. Para superarem largas margens de segurança, eventuais manipulações precisam atingir graus extremos de distorção e abrangência. Em quadros de empate generalizado, porém, qualquer pequena manobra é eficaz. Com rápidos movimentos e recursos simplórios, um único funcionário corrupto pode eleger determinado prefeito ou retirar adversários indesejáveis da disputa.

A absurda falta de voto impresso para conferência faz com que a hipótese macabra permaneça virtualmente inverificável. E, insisto, o ambiente nunca foi tão propício para a violação (e principalmente para a violação impune) das urnas eletrônicas. Jamais saberemos se aqueles poucos milhares de votos que fizeram a diferença foram computados corretamente. Jamais saberemos.

Esse descalabro medieval só será corrigido pelo Judiciário quando o país se descobrir mergulhado numa perplexidade insanável diante de qualquer procedimento irregular que possa ter decidido o futuro de uma metrópole. Sem torcer para o desastre, mas tampouco deixando de reconhecer que ele possui um lado bastante positivo, devemos ter em mente que sua consumação depende apenas de um simples arranjo de circunstâncias. Como as que observamos atualmente.

Um comentário:

Vania disse...

Além disso, ainda estou esperando o escândalo da véspera do pleito. Onde, quando, como será? Esse clima meio morno de indefinição e aparente desinteresse pode ser muito propício a esse tipo de aventura. A ver.