sexta-feira, 23 de novembro de 2012

“Cosmópolis”



















Lucubrações acerca do capitalismo e da crise econômica, atualizando o conhecido romance de Don DeLillo. Surpreendentemente fiel ao livro, inclusive nas passagens mais embaraçosas e nos diálogos cheios de elipses e subentendidos. O engenhoso clima apocalíptico foi acrescentado pela adaptação de David Cronenberg.

Personagens secundários apresentam diferentes perspectivas dos temas centrais, orbitando as errâncias do protagonista. Os atores famosos emprestam vigor aos tipos e ressaltam a inexpressividade vampiresca de Robert Pattinson, mas seria ingênuo creditar sua escolha apenas a uma jogada publicitária do diretor.

Suas marcas visuais estão muito presentes: o interior quase orgânico da limusine, a degradação corporal, a violência explícita, a insanidade, o ambiente de pesadelo. Há algo na fotografia de Peter Suschitzky (antigo colaborador de Cronenberg) que remete aos seus primeiros filmes de suspense. Talvez o uso das lentes grande-angulares em primeiríssimos planos, com filtros de cores inusitadas. Mas a péssima cópia do Cinemark não permitiu maiores desfrutes.

É interessante notar a misteriosa aparição de Paul Giamatti, através da janela do carro, na calçada. O relance, que pode passar despercebido, ganha menção na seqüência final.

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