sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Vamos ouvir os Vedoin?

Cartum de Sergio Aragonés















Podemos até compreender a relevância jornalística de Marcos Valério e a repercussão midiática de suas denúncias. Afinal, alegam os jornalistas irresponsáveis (ou mal intencionados), registrar um depoimento não significa endossá-lo, por menos confiável que seja. Curiosamente, porém, esse espírito divulgador não serviu, e continua não servindo, para outros réus notórios de mesma estirpe delatora.

Os empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin, acusados de encabeçar a famosa máfia dos Sanguessugas, afirmaram diversas vezes que possuíam documentos apontando a participação direta de José Serra e Barjas Negri, ex-ministros da Saúde do governo FHC, no esquema de compras superfaturadas de ambulâncias. Consta que a papelada apreendida com os tais “aloprados” petistas, em 2006, durante uma suspeitíssima ação da Polícia Federal, possuiria o mesmo teor bombástico.

A presteza mediúnica da PF enterrou as chances eleitorais de Aloízio Mercadante, mas o dossiê mergulhou no limbo da amnésia seletiva da imprensa. Escrupulosos e republicanos, os veículos decidiram não prestigiar as ilações de supostos malfeitores, pois não os consideravam fidedignos. E os Vedoin desapareceram da pauta, junto com as dezenas de autoridades indiciadas.

Será que eles não têm mais nada a declarar? Eis um bom teste para os novos padrões de relevância noticiosa do nosso combativo jornalismo.

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