quarta-feira, 27 de março de 2013

Piada de brasileiro

















Essa vai para o anedotário da demofobia universal: não é permitido ler no Real Gabinete Português de Leitura. Apenas obras do acervo local, restritas a usuários cadastrados. Quem puxa uma cadeira e ameaça abrir um livro próprio, ou um jornalzinho básico, recebe a visita de uma suave funcionária que vem negar o mimo.

“Porque não pode”, ela responde, já menos simpática, à indagação óbvia. O mistério nos autoriza imaginar que se trata de medida para uma espécie (mal) disfarçada de assepsia social. Temor de que a sacralidade solene do ambiente seja conspurcada pelo populacho ignóbil.

O Real Gabinete é um verdadeiro tesouro arquitetônico, oásis oculto no abandono da região central carioca. Mas essa pretensão a templo de iniciados viola os mais rudimentares conceitos modernos de museologia e administração de aparelhos culturais. Vira gesto característico daquela nobreza colonial que, não à toa, recebeu o devido pagamento histórico na forma de chacota.

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