segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Petronada
















Como acontece com sintomática freqüência, e justo nos episódios mais complexos, o leilão do Campo de Libra tem recebido um tratamento rasteiro da mídia corporativa. As análises dos “especialistas” se dividem basicamente em três linhagens simplificadoras: o nacionalismo radical, o liberalismo ressentido e o catastrofismo tecnocrático.

Essas vozes se assemelham na reação estranhamente atrasada e no destaque recebido junto aos veículos, proporcional à intensidade das críticas ao governo. Só importa convencer o público de que tudo foi mal feito, minimizando os ganhos sociais das concessões e espalhando a absurda falácia de que elas repetiram o modelo privatista demotucano.

Os nacionalistas se esquivam de responder sobre a capacidade do país explorar sozinho o Pré-Sal e o papel da Petrobras no consórcio vencedor. Os liberais, colonizados e provincianos, choram a ausência de empresas estadunidenses e o protagonismo da estatal que já defenderam vender a preço de banana. Os apocalípticos, oportunistas por natureza, oscilam entre a condenação do modelo energético e um ceticismo quanto à eficácia do próprio Poder Público.

O espetáculo de incoerências chega a níveis divertidos. O leilão fracassou porque não fracassou. Perdemos porque ganhamos. E por aí vai. Notem que, tomadas nas suas essências argumentativas, todas essas vertentes se anulam, gerando uma espécie de não-evento, um vácuo de significados racionais envolto por mau agouro.

Para construir uma opinião a respeito dos leilões, talvez seja melhor formulá-la antes de recorrer à imprensa.

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