segunda-feira, 21 de abril de 2014

Vocês querem CPI?















É necessário distinguir, na medida do possível, as diversas motivações envolvidas nos ataques à Petrobras. Existe um âmbito financeiro, obscuro e difuso, interessado nas oscilações especulativas do mercado acionário. Os anseios empresariais, de amplidão geopolítica, transitam por essa esfera, mas uma não se resume à outra.

Os parlamentares têm suas próprias agendas. A base “aliada”, pressionando o Planalto, visa extrair cargos, verbas e outros favores úteis no período eleitoral. Os oposicionistas ganham palanques e visibilidade com os mesmos objetivos, além de ajudarem os respectivos projetos majoritários, unidos pelo desgaste de Dilma Rousseff.

A imprensa corporativa, por sua vez, procura associar a perspectiva de vitória do PT a certo imaginário de crise e atribulação, brindando as candidaturas adversárias (particularmente a do PSDB) com um viés positivo, desenvolvimentista e próspero.

Há ainda outro desígnio na campanha jornalística. Todos sabem que uma CPI da Petrobras teria efeitos práticos nulos, graças a seu escancarado oportunismo, às circunstâncias vigentes no Congresso e à fragilidade das acusações em jogo. Tanto melhor, então, que as já improváveis apurações sobre o metrô paulista sejam englobadas por esse teatro.

Pouco importa que não ocorra a miscelânea temática nas investigações do Congresso. Uma eventual CPI sobre a máfia do PSDB na Assembléia Legislativa paulista, encampada por setores que jamais a defenderam quando poderia ter resultados efetivos, está fadada ao mesmo ritual de bravatas e bodes expiatórios. Com uma importante diferença de escopo e gravidade: aqui existem suspeitas de tráfico de influência e pagamento de propinas envolvendo membros dos altos escalões de sucessivos governos estaduais.

O escândalo dos cartéis demotucanos, se verdadeiramente exposto ao conhecimento público, devastaria a boa imagem administrativa do candidato Geraldo Alckmin. A supervalorização obsessiva do factóide Pasadena vem convenientemente neutralizar esse imenso prejuízo, criando uma ilusória similitude entre ambos os episódios e empurrando o PT à aceitação da impunidade generalizada.

Manobra conhecida, típica da inescrupulosa aliança conservadora que sustenta a hegemonia do PSDB em São Paulo.

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