sexta-feira, 6 de março de 2015

“Ida”


















A fotografia em preto e branco é uma lição de narrativa visual. A composição dos quadros se altera segundo o arco emocional da protagonista, partindo de tomadas com grandes espaços sobre as figuras e chegando a planos fechados nos rostos e corpos.

A monocromia e a janela quadrangular (1,37:1) sugerem algo de “clássico” no tratamento, mas as referências terminam soando modernas e inventivas. Uma seria a plasticidade do cinema soviético do período retratado (década de 1960), especialmente nas lindas imagens de Marlen Khutsiev e demais autores de linhagem eisensteiniana. Outra leva aos primeiros trabalhos de Wim Wenders, marcados pelo rigor formal e pelo viés metalinguístico.

Agata Trzebuchowska brilha no papel-título, contida e expressiva ao mesmo tempo. A aridez do subtexto histórico (o nazismo) não afunda o filme no melodrama porque é abordada com sutileza e equilibrada pelo rito de passagem da protagonista.

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