Roberto Jefferson só conseguiu notoriedade porque
forneceu à imprensa corporativa um pretexto para inviabilizar a reeleição de
Lula em 2006. Frustrado esse propósito, a estratégia deslocou-se para outra
esfera de disputa: um âmbito institucional que pudesse reverter, com a mesma
aparência de legitimidade, a inequívoca absolvição das urnas.
O Supremo Tribunal Federal, sob o comando autoritário
de Joaquim Barbosa, assumiu a tarefa de materializar o que a propaganda
jornalística não conseguiu produzir por vias representativas. O julgamento da
Ação Penal 470 virou então um teatro midiático voltado à condenação inapelável dos réus.
Os ministros foram pressionados pelos grandes
veículos, através do assédio diário e de uma avalanche de material
pretensamente noticioso destinado a embasar as teses da acusação. Ao mesmo
tempo, a glorificação pessoal de Barbosa estimulou-o a atropelar o decoro, os
rituais e até a jurisprudência para impor a posição desejada.
Parece inverossímil que a mais alta instância
judicial encarcere cidadãos sem provas materiais até mesmo da ocorrência de
alguns dos fatos criminosos alegados. Soa estapafúrdio os próprios ministros
admitirem tais lacunas em seus votos. Mas isso tudo aconteceu, diante de milhões de telespectadores.
Aconteceu porque o julgamento incorporou uma
espécie de vingança moral do campo conservador brasileiro. Seus representantes
na mídia e nas esferas jurídicas mobilizaram-se para abafar as falhas técnicas
do processo e os constrangimentos que minariam a credibilidade do
procurador-geral e de certos julgadores.
Terminada a missão de Barbosa, os vícios do processo
foram abandonados como desvios irrepetíveis de um momento excepcional. Sob nova
presidência, a corte, aliviada, retomou o caminho do legalismo e do rigor
processual. Ela pode até tratar os futuros réus com a dignidade que negou aos
sentenciados petistas, num cínico gesto de obediência às reivindicações da
esquerda.
Não adianta, pois, esperar tratamento equânime para pessoas ligadas ao PSDB e outros partidos. Aquelas condenações foram
dirigidas apenas ao PT. O mensalão tucano seguirá o roteiro de todos os
escândalos que não envolvem petistas: alguns processos serão prescritos;
outros, arquivados por falta de provas e pela súbita relativização da teoria do
“domínio dos fatos”; multas e penas alternativas encerrarão a pendência. Não
haverá peessedebista preso.
Daqui a dez anos estaremos falando o mesmo da Operação Lava Jato.
Um comentário:
oi, eu li sua postagem. se vc tiver o video completo do roberto Jefferson denunciando o mensalão vc poderia passar pra mim. meu email é leandrocmoureiro@gmail.com
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