Adaptação bastante fiel da peça homônima de David
Ives, que por sua vez retrata o teste para uma encenação baseada no clássico do
austríaco Leopold von Sacher-Masoch. Esse jogo de texto
dentro do texto ganha uma terceira dimensão no filme, gerando inúmeros desdobramentos
especulativos.
Roman Polanski é mestre da narrativa
cinematográfica, especificamente da decupagem. Isso fica evidente quando ele
trabalha em condições mínimas, como aqui, dispondo de apenas dois atores e um
único cenário.
E é interessante notar como essas características se
reptem na filmografia do diretor, desde “A faca na água” (1962) até “Deus da Carnificina” (2011), passando por “Repulsa ao sexo” (1965), “Lua de fel” (1992),
“A morte e a donzela” (1994), etc. Sempre com extrema precisão plástica e grande
senso de andamento.
A temática sexual, de forte viés feminista, traz
inevitável lembrança das vicissitudes de Polanski com a Justiça estadunidense. A
ótima Emmanuelle Seigner, esposa do diretor, e Mathieu Amalric (também cineasta,
que a certa altura parece mesmo imitá-lo) reforçam esse detalhe autobiográfico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário