Suspense policial filmado num único
plano-sequência, mais de duas horas transitando por inúmeros cenários, em
situações de forte carga dramática. Prodígio técnico da equipe, especialmente
do fotógrafo Sturla Brandth Grøvlen.
Outro desses trabalhos que só a tecnologia digital
proporciona. Mas não possui os truques de “Birdman” (Alejandro Iñarritu) para
forjar o efeito de continuidade, nem o porte da sua produção. Tampouco se
restringe a um único ambiente, como o magistral “Arca Russa” (Alexandr Sokurov).
O ator e diretor alemão Sebastian Shipper teve
três chances de captar toda a história sem cortes. A versão escolhida, a última
realizada, traz um andamento meio arrastado na primeira metade, mas o resto do
filme retribui a paciência do espectador. A partir de certa altura simplesmente
ignoramos a falta de edição.
Assistir à versão original, sem legendas para os
diálogos em alemão, aproxima-nos da experiência desesperadora da protagonista,
uma espanhola que só fala inglês e luta para entender o que se passa com os
personagens quase monoglotas. Esse recurso valoriza a entrega comovente da
talentosa Laia Costa no papel-título.
Nenhum comentário:
Postar um comentário