Bastante malhado pela crítica, que insiste em
misturar a antipatia (algo merecida) por Quentin Tarantino com a qualidade do
seu trabalho. Não é, de fato, o melhor dele, e talvez seja até o pior. Mas isso
diz pouco num conjunto de altíssima qualidade.
A má-vontade se deve também ao teor negativista,
cínico, brutalmente incorreto do texto. Está claro que Tarantino reage ao
patrulhamento que sofreu pela suposta apologia racista de seus últimos filmes.
E o faz com exageros quase humorísticos, que levam a crueldade a roçar no
incômodo da empatia.
Apesar dos evidentes problemas de ritmo, o maior
defeito aqui me parece a repetição de fórmulas. As do próprio Tarantino (a
estrutura episódica) e as dos gêneros que ele recicla (o faroeste, as intrigas
de detetive).
Mas as fragilidades não anulam o esmero da direção
de arte, abrilhantada pela prodigiosa fotografia do mestre Robert Richardson. E
o elenco notável. E a música do lendário Ennio Morricone. Já é bem mais do que
encontramos na média hollywoodiana.
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