Alguns comentaristas torceram narizes diante de
minha avaliação sobre a vantagem de Lula na campanha de 2018. Talvez, com certa
razão, achem cedo para tecer prognósticos, especialmente os favoráveis ao PT.
Mas será tão difícil reconhecer que a perseguição
a Lula reflete o poder propagandístico do seu legado administrativo? Até a
direita parece admiti-lo. Se Lula será candidato ou, caso afirmativo, se
conseguirá vencer, permanecem questões esotéricas, para as quais cada facção
adapta suas respostas preferidas.
As lucubrações em torno da tentativa de destruir o“mito lulista” não me parecem equivocadas, mas resultam simbólicas demais num
combate aberto. E, no final das contas, apenas corroboram aquele raciocínio,
sem traduzi-lo nas poucas e boas palavras que a situação pede.
Sérgio Moro, orgulhosamente pragmático, não se
dedicaria a desconstruções imaginárias sem uma finalidade muito precisa. Conforme
aponto desde o início da Lava Jato, seu alvo principal sempre foi Lula, e não
Dilma Rousseff, porque é nele que reside o projeto de continuidade do PT no
poder.
Isso não tem nada a ver com mitologias, sonhos,
esperanças ou mesmo programas de governo. O objetivo do Ministério Público é
destruir o petista com maiores chances de vencer as eleições presidenciais de
2018. Se Lula não as tivesse, jamais estaria sendo atacado por motivos tão
frágeis e risíveis.
Quanto mais desesperada e apelativa for a sanha punitiva
contra Lula, mais evidente fica o temor que ele inspira no antipetismo
judiciário. A militância progressista deveria usar isso como estímulo, em vez
de ignorar a natureza eleitoral dos ataques. Seus adversários não cometem o
mesmo equívoco.
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