É tipicamente autoritária a campanha para que a
Polícia Federal preserve “autonomia” com a mudança no Ministério da Justiça. Seus
apologistas querem que ela continue funcionando segundo as próprias regras,
indiferente às demandas da sociedade e às determinações legais.
Ora, o mínimo que se pode exigir da PF é respeito
pela hierarquia funcional que a Constituição determina, além de lisura e
transparência no exercício de suas atribuições. E já faz algum tempo que a
sociedade brasileira não recebe esse mínimo. Desde o início da Lava Jato.
Parte da corporação virou uma espécie de poder
paralelo, a serviço de conspiradores e sabe-se lá de que outros interesses. A
própria resposta dos policiais às censuras do ministro Eugênio Aragão possui um
tom de ameaça que em qualquer democracia do planeta já teria levado a demissões
sumárias.
Aragão tem o desafio de lidar administrativamente
com um problema que os malfeitores transformaram em político para garantir sua
impunidade. Mas o freio momentâneo colocado pelo STF às sandices de Sérgio Moro
abriu uma chance para que o ministro siga o mesmo caminho quanto à PF.
Ele pode exigir pelo menos quatro medidas
imediatas dos comandados:
1. Esclarecimentos sobre os grampos nos
telefonemas entre Dilma Rousseff e Lula;
2. Identificação e punição dos responsáveis pelos
vazamentos de informações sigilosas dos inquéritos da Lava Jato;
3. Identificação e punição dos responsáveis pelas
escutas clandestinas instaladas nas celas curitibanas da Lava Jato;
4. Punição de agentes e delegados que publicam
manifestações político-partidárias nas redes sociais da internet.
Essas providências seguem estritamente as normas
jurídicas e estatutárias. E são mesmo obrigatórias, perante a gravidade das suspeitas envolvendo a PF. O fato de parecerem radicais apenas ilustra o nível
de permissividade que beneficiou a corporação até agora.
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