Cada vez que Dilma Rousseff ou seus apoiadores
falam em novas eleições, ou em plebiscito para referendá-las, o impeachment
fica mais perto de se concretizar. No mínimo, é uma confissão de derrota. E
pode virar um incentivo para os senadores deixarem as coisas como estão.
Antes de maiores especulações, é necessário reforçar
que a ideia não tem viabilidade prática. Ninguém a aceitaria no Congresso, no
Judiciário, no empresariado ou na mídia corporativa. Nem no PT há unanimidade a
respeito.
Dilma deve permanecer no cargo porque a Constituição o exige, e não por um acordo conveniente de bastidores. Encurtar o
mandato, sob qualquer pretexto, sacramentaria o golpe. Dependendo da narrativa
em torno do arranjo, poderia até legitimá-lo.
Mesmo que vingasse, o tal “pacto” seria um
presente para os golpistas. Eles ganhariam a chance de apagar a vergonha desse
governo ilegal, corrupto, autoritário e antissocial que instauraram visando
garantir a impunidade dos seus líderes.
Mas então por que a direita não apoiaria o acordo?
Porque a impopularidade de Michel Temer poderia desembocar em eleições gerais,
viabilizando a candidatura de Lula antes que a Lava Jato atinja seu objetivo central. Simples assim.
Depois do ruinoso prefácio da gestão interina de
Michel Temer, não faz sentido discutir se Dilma conseguiria governar. A mera
recondução da petista já selaria um pacto informal pelo retorno a certos
padrões de decência e responsabilidade administrativa.
Por outro lado, prevalecendo o golpe, é preferível
que ele se complete sem máscaras reconfortantes. Seus apoiadores na imprensa,
no Judiciário e na sociedade não merecem afagos negociadores. Que integrem a
memória do país como cúmplices do triunfo do banditismo sobre a democracia.
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