Convenhamos. Ninguém acreditava realmente que José
Sarney, Romero Jucá e Renan Calheiros seriam presos. Nem Rodrigo Janot, o
procurador-geral que assinou o pedido.
Janot pode ser muita coisa, mas tolo não é. Suas
ações sempre mostraram pragmatismo e senso de oportunidade, jamais um
temperamento dado a arroubos inviáveis.
Ele sabe que as suspeitas contra a cúpula do golpe
ficarão esquecidas no STF até bem depois do impeachment. E que metade das
delações não será sequer considerada.
“Eu tentei investigar todos”, dirá o
procurador-geral, quando o acusarem de partidarismo. “A culpa é do STF, que não
deixou”.
Mas Janot tentou mesmo? E as acusações contra JoséSerra na privataria? E os casos de corrupção do governo FHC? E Michel Temer? E
os grampos ilegais de Sérgio Moro?
Notem que o Ministério Público jamais atingiu a cúpula
do PSDB. Essa que manda no governo Temer e que recebeu doações milionárias das
empreiteiras da Lava Jato.
E eis que o tsunami de Janot conseguiu duas coisas
importantes: forçou o PMDB a se proteger no golpe e acirrou o ânimo antipetista
dos berlusconis curitibanos.
Lula, por sua vez, a onda justiceira engole sem
dó.
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