As ruas
Qualquer afirmação sobre o apoio popular ao
impeachment é especulativa. As poucas estatísticas disponíveis aferem muito
mais o alcance midiático do tema do que sua própria avaliação pela sociedade. O
respaldo maciço a novas eleições, por exemplo, embaralha os sentidos possíveis
da rejeição a Dilma Rousseff.
Por aí compreendemos a passividade que amplos
setores populares demonstraram no processo. Mas houve mobilização, de ambos os
lados, e a evidente homogeneidade sócio-econômica dos manifestantes não a
deslegitima. O problema é que a natureza parlamentar do golpe dispensaria o aval
público de qualquer forma.
Os erros do governo federal não anulam certa influência
dos atos de 2013 nas manifestações antipetistas de 2015-16. É possível
encontrar simbologias comuns aos fenômenos, sugerindo que a defesa do impeachment
esteve de alguma forma latente na busca por novas formas de representação
política, e esta naquela.
Dadas as circunstâncias, foi o polo governista dos
protestos que atingiu os resultados mais notáveis, a ponto de iludir muita gente a respeito de sua força persuasiva. Dele nasceu a base do movimento “Fora
Temer”, o que justifica (mas desautoriza) os esforços para descolar o atual
oposicionismo da militância petista.
Por outro lado, precisamos realçar o sucesso da
máquina propagandística e empresarial que esteve por trás das passeatas
anti-Dilma. O projeto uniu órgãos de mídia, corporações privadas, governos
estaduais e municipais, partidos políticos, associações de classe e até a CBF, naquilo
que talvez tenha sido a maior demonstração histórica da força mobilizadora da
direita brasileira.
Embora seja equivocado extrapolar a alçada
institucional do golpe, é impossível ignorar a gigantesca engrenagem externa constituída
para viabilizá-lo. O tamanho desse esforço pode ser aferido pelos resultados
das últimas eleições municipais.
A série “Balanço do golpe”:
Um comentário:
O exato momento em que apareceu a direita que se converteu em forças de ocupação a destruir nosso pais
https://www.vice.com/pt_br/article/os-protestos-de-sp-em-7-atos-parte2
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