quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Balanço do golpe VI


















Conclusão

As análises desta série procuraram reunir evidências de que o impeachment de Dilma Rousseff configurou um golpe parlamentar. O conceito implica, primeiro, que não houve base jurídica para a deposição e, principalmente, que ela ocorreu na única esfera capaz de viabilizá-la dentro dos tênues limites da constitucionalidade.

O papel da máquina de propaganda, financiamento e legitimação da agenda golpista foi enquadrar o pemedebismo fisiológico no roteiro dos conspiradores palacianos. Para além de fantasias meritórias e espontâneas, a “tempestade perfeita” que levou ao impeachment reuniu pressões, chantagens e escambos eleitoreiros tendo o Congresso como palco.

Soa incongruente que os vencedores disputem espólios nessa ruína moral e administrativa que restou da aventura, mas o que está em jogo é transformá-la num projeto duradouro de poder. Para isso torna-se necessário evitar que a impopularidade de Michel Temer escancare os vícios do rito que o empoderou, jogue para seus artífices a conta da crise generalizada e fortaleça os setores prejudicados no episódio.

A tática do Judiciário e da mídia tucana consiste em fazer da Cruzada anticorrupção o legado positivo do impeachment. Uma bandeira “republicana” que permitiria destruir a candidatura de Lula, represar a insatisfação social antes que seja canalizada pela esquerda e afastar os obstáculos para a criação de um governo transitório nos moldes de Itamar Franco, de onde surja a plataforma situacionista em 2018.

Assim compreendemos a atualidade e a relevância do embate narrativo e epistemológico em torno do golpe. Sua negação fornece as bases discursivas sobre as quais se mantém o sistema ideológico da guinada conservadora, incluindo o repúdio à democracia representativa e aos programas sociais, o antipetismo judicial e o arbítrio punitivista.

O esquecimento das circunstâncias históricas do impeachment faz parte das pretensões conciliadoras e hegemônicas do programa golpista. Enquanto a democracia brasileira se defronta com a perigosa naturalização de excepcionalidades, é importante lembrar a mais escancarada e afrontosa de todas.


A série “Balanço do golpe”:

Introdução

A base

As ruas

O papel do Judiciário

O poder da mídia

2 comentários:

Dárcio Vieira disse...

Fica assim. Eu te ferro todo e depois peço tua ajuda para tirar o país da encrenca que se meteu. E ainda culpo as esquerdas por todos os males desde o Big Bang. Mas tá duro de encaixar todas essas peças.

João Luiz Pereira Tavares disse...

Mas sério mesmo para o ano de 2017, é o seguinte:

O problema é a SUAVE & disfarçada truculência do PeTê... Repare:
É evidente que o Petismo se utiliza de técnicas das mais brilhantes de publicidade, brilhantes, mas ENGANA-TROUXA...

Petista apenas & só se preocupa com PSDB e outras ASNEIRAS. Que amor enrustido! Só fala a toda hora e minuto sobre PSDB etc.

Mas petista nem se lembram do PeTê mesmo… Vejam um único exemplo bem simples:

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A Semiótica do Coração Valente
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Mas quanto a tudo isso o que importa é a publicidade & a propaganda, somada com a baranguice de VELHA — tal qual Dilma. Eis:

Grave mesmo é isso aqui:

GOLPE e «CORAÇÃO VALENTE»:

São clichês publicitários elaborados por 1 publicitário! Tal qual o preso milionário JOÃO SANTANA (o “Feira”…). São tais quais a frase publicitária de iogurte da DANONE, assim, veja:
«DANONINHO VALE POR 1 BIFINHO». [ou: “CVC pensando em você”].

Nunca jamais houve GOLPE; assim como DANONINHO jamais VALE POR 1 BIFINHO… E o slogan petista “Coração Valente” é uma frase feliz em termos publicitários (fazer a cabeça via mitologia), mas de um vigarismo extraordinário.

[e reparem.., tudo isso tem a ver com Educação grosseira do Governo Petista. A pior da América inteira].