A oposição espalha artigos e depoimentos pretensamente “esclarecidos” para reforçar a imagem democrática de um possível impeachment de Dilma Rousseff. Como estratégia militante, é simplória e previsível. Como exercício intelectual, resvala na desonestidade.
Uma característica histórica da propaganda
antidemocrática é a alegação da defesa de princípios constitucionais. Não por
acaso, os discursos pseudolegalistas de hoje repetem os dos golpismos do século
passado, particularmente de 1964. Especialistas em diversas áreas acadêmicas
têm demonstrado isso com alarmante eficácia.
Nem a narrativa moralista se sustenta, contudo. Inexistem
motivos razoáveis para a deposição de Dilma, o que fica óbvio nas filigranas
jurídicas brandidas pelos puxadores de tapete. Se esses critérios servissem para
derrubar mandatários, não sobrariam gestores públicos no Brasil. A começar pelo
FHC do suborno reeleitoral e pelo Geraldo Alckmin dos cartéis metroviários e do
colapso hídrico.
Adotando-se os rigores que tentam aplicar a Dilma,
aliás, talvez sequer os protagonistas do impeachment ainda pudessem comandá-lo.
E sem Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Augusto Nardes, Gilmar Mendes e
respectivos asseclas dificilmente haveria espaço para tamanha desfaçatez na
agenda nacional.
A natureza arbitrária de uma eventual deposição
suplanta quaisquer eufemismos e subterfúgios retóricos. Evitando chamá-la pelo
único nome que a descreve, os tais “analistas” realçam aquilo que tentam
esconder sobre si mesmos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário