segunda-feira, 11 de abril de 2016

Onde eles estavam quando tudo isso começou?

 














Os grampos ilegais de Sérgio Moro e seus arapongas provocaram uma onda de moderação e zelo na mídia corporativa. Editoriais e artigos correram defender que as investigações da Lava Jato fossem pautadas pela prudência e pelo respeito à legalidade.

Na maioria dos casos, os autores desses textos não passam no teste da coerência: eles apoiaram alegremente a escalada arbitrária de Moro e da Polícia Federal. Foi sua longeva cumplicidade que alimentou o monstro da espionagem criminosa.

Isso fica evidente nas próprias reações aos abusos. Em vez de tratá-los como os crimes que são, os comentaristas usam eufemismos suaves do tipo “deslizes”, “polêmicos”, “trapalhadas”. E, pior, sugerem que não afetam a natureza republicana da Lava Jato.

Os neolegalistas deixaram as coisas chegarem a um ponto irremediável para fingir que o desaprovam. Diante do fato consumado, tratam de limpar suas reputações das manchas que denunciarão os artífices do futuro sombrio que se anuncia.

O último capítulo dessa reforma póstuma de imagem é lamentar que o golpe do impeachment favoreça conspiradores sujos e malvados. Oh, Eduardo Cunha será o vice-presidente! Oh, Temer negocia a própria impunidade! Oh, a Lava Jato vai acabar!

Claro, todos conheciam esses riscos há meses. Chegaram mesmo a dizer que eram criações do governismo aloprado. Agora aparecem repentinamente chocados com as trágicas consequências de uma farsa da qual eles mesmos foram ativos apologistas.

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